Pra muitas pessoas a proximidade do natal levanta angústia, depressão e vontade de sair de cena só retornando no próximo ano. Muitos consideram o natal um cortejo de falsas solidariedades, imposição de presentes e presenças, recordações de abandonos e rejeições, saudades dos falecidos e vivos ausentes, consciência do quanto se sofre nesta vida , desgostos familiares, solidão, privação, injustiça, doença, perdas, desencantos, desesperança e todo tipo de sofrimento e tribulação.
Inúmeros são os motivos para não se gostar do natal, porém basta um motivo para amá-lo: olhar pra si mesmo e poder realizar a própria natividade não importando a idade que se tem.
Infância infeliz, pais secos ou ausentes, filhos desaparecidos, amores perdidos, fracassos, perdas materiais, família desfeita, tempo perdido, doença grave, traição, desunião, tragédia, desgosto, solidão e prisão. Muitas destas coisas não podem ser mudadas mas dependendo do que fazemos com o ocorrido e também como o interpretamos, determina como somos e o quanto este passado já foi superado dentro de nós. Quantos já estão na meia idade e o passado se encontra na mesma visão, versão e interpretação de quando era jovem ou criança?
No natal algumas pessoas costumam criticar os parentes, a família que tiveram ou tem, criticar alguns colegas de trabalho, a sociedade e a humanidade. No entanto, somos todos feitos da mesma substância que todas estas pessoas. O que julgamos e desprezamos nestas pessoas também pertence a nossa natureza. Nas dificuldades com avós, pais, irmãos, cunhados, chefes, filhos, cônjuges e amigos, qual é a nossa parte nesta dificuldade? Qual é também a nossa cota de hipocrisia, antipatia, ressentimento, ira e ser difícil? Quantas das vezes queremos ser a representação da integridade, da razão, da verdade e da justiça sem sermos também, para o outro, a representação do amor e da compaixão? Nossa racionalidade exige do outro reformas de hábitos e comportamentos num rigor que não conseguimos impor metade desta exigência a nós mesmos na nossa vida diária.
A maneira como fomos criados e mal amados é um acontecimento, o rumo que tomamos a partir daí expressa quem somos. A doença, o infortúnio ou a ocorrência traumática é um acontecimento; a falta de amor, ética e solidadariedade humana na nossa vida é um acontecimento, o que fazemos com tudo isto revela quem somos. Como interpretamos o ocorrido, seja no lugar de vítima, culpado, revoltado ou responsável em transformar-se , influencia demais quem somos.
O que fazemos com nossa vida é o que conta. O que fazemos com o nosso dinheiro é o que conta. O quanto nos envergonhamos, nos punimos, nos culpamos, nos humilhamos, nos adoecemos, nos abandonamos e nos salvamos a cada dia é o que conta. Pouco ou nada conta o que o outro faz. É o que a gente faz ou deixa de fazer o que conta e subtrai, castiga , redime, faz exemplo, mata ou edifica a si mesmo, a quem mora conosco e ao grupo que pertencemos.
O natal mexe na gente devido a força que JESUS É, não gostamos do natal pelo que AINDA SOMOS. Não gostamos do natal por tudo que ainda precisamos resgatar, superar e nos curar.
Sempre haverá amor ao dinheiro, comércio, jogos de interesses e poder, famílias problemáticas, os sem família e sem lar, falsidades, pessoas difíceis, o bem e o mal, egoísmo, lobos vestidos de cordeiros, abandonos, traições, perdas e tragédias. Cada uma destas imperfeições que estão nos outros e no mundo, com certeza, estão dentro de nós também como sementes potenciais ou árvores frondosas, nossa racionalidade é que não nos deixa ver. Evitar a oportunidade, a cada natal, de sentir bem pertinho o outro , num abraço mesmo indesejado, em comer na mesma mesa, de trocar palavras, presentes e olhares em nome do AMOR MAIOR é muita perda para quem deseja a cura, o resgate e a integridade do que foi partido, perdido ou mal feito internamente pelos acontecimentos da vida. O natal é o convite de uma reunião não pelo nosso amor menor, ferido e imperfeito, é o convite de uma reunião com quase todos que fomos escolhidos a conviver por força do AMOR MAIOR. Motivo deste dia ser para alguns tão penoso e indesejável, porque o amor de JESUS transcende o nosso desejo egóico e os achismos da nossa razão temporal.
O que fazemos e como fazemos é o que conta para o pior ou melhor dos que convivem conosco e também para a nossa história e lenda pessoal .Natal é festa de família, seja ela eleita ou obrigada, de sangue ou não. "Olha para o céu e conta as estrelas, se puderes.Serão assim os teus descendentes" Gênesis 15:5 Aquele familiar hoje ausente que fez , ou simplesmente esteve presente nos natais passados dos que ainda estão por aqui firmou um efeito benéfico neste seu céu familiar, qual a sua contribuição ou presença nisto?
Um Natal com Saúde e Paz,
Dra. Rosângela Ribeiro
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