sexta-feira, 25 de julho de 2014

"QUEM VÊ CARA NÃO VÊ AIDS"

    Quem não quer ser aceito?  Quem não quer ser  reconhecido?  Quantos bebem cerveja ou aguardente prejudicando a vida cotidiana mas não querem ser vistos como alcoolátras? Quantos vivem vários relacionamentos afetivos sexuais num curto período mas não querem ser reconhecidos como promíscuos?  Quantos são sedentários, não caminham e até usam o carro só pra ir a padaria, outros pegam ônibus por causa de dois  pontos e não se consideram de comportamento de risco cardiovascular? Quantos são auto-destrutivos quando se drogam,  fumam demais diariamente e correm em alta velocidade no seu carro?   Distorcemos os conceitos ou damos novos significados as informações para legitimar nossas ações e comportamentos,  mas a quem enganamos?
     Para a OMS ( Organização Mundial de Saúde) promiscuidade é ter mais de dois parceiros sexuais em menos de 6 meses. Quantas pessoas que tem uma relação sexual com pessoa diferente em cada balada semanal ou mensal irá considerar-se promíscua e ainda de comportamento de risco DST (doença sexualmente transmissível) para si e outros  ? Mentir pra si mesmo, até de forma automática e duradoura, é o normal da vida de muita gente ao ponto que já não se percebe mentindo pra si mesmo. O despertar da auto-ilusão as vezes só ocorre quanto o acontecimento construído ao longo do tempo se concretiza. Quem não conheceu alguém que fumou muito e teve cancêr de pulmão? Quem não conheceu alguém que sofreu acidente de carro por andar em alta velocidade? Mentir pra si mesmo é negar-se da possibilidade de ser mais um no número  destas estatísticas, ou seja, eu faço mas as consequências só ocorrem com os outros, comigo não!
    Sexualidade é coisa séria, não é brinquedo. O corpo é  propriedade sagrada e a mais importante habitação de cada um. O vírus da AIDS mais facilmente invade esta habitação se não fecharmos a porta para comportamentos de risco reconhecidos  mundialmente .
    O que é comportamento sexual de risco? Ter relação sexual sem preservativo, ter vários parceiros sexuais, consumo de drogas ou álcool numa situação em que o sexo possa ocorrer, ter um parceiro que consuma drogas, principalmente injetáveis;  ter histórico pessoal de qualquer DST, ter um parceiro com histórico desconhecido, relação sexual anal.
    Sabe-se que a pessoa portadora de doença sexualmente transmissível  ( DST) tem o risco aumentado de até 18 vezes para o contágio de HIV.
    Sabe-se que quanto mais cedo inicia-se a atividade sexual maior a chance de trocas de parceiros e maior o risco de contaminação de DST/HIV.
    Sabe-se que cresceu a incidência de  AIDS entre meninas de 13 a 19 anos. Explica-se que o início da vida sexual precoce com homens mais velhos, com maior experiencia sexual  e maior exposição a contaminação de doença sexualmente transmissível.
    Sabe-se que, segundo o Ministério da Saúde,  nos últimos 10 anos a incidência de aids nas pessoas acima de 60 anos aumentou 50%. Familiares e idosos tendem a não cogitar a possibilidade de que aids ocorra nesta idade.
   Sabe-se que aumentou a contaminação de HIV em mulher casada contaminada pelo  marido. Na prática a mulher tem pudor ou dificuldade de negociar com o marido o uso de preservativo, deixa esta responsabilidade na mão dele. Mulheres solteiras também deixam para os homens a responsabilidade de possuirem  preservativos , muitas mulheres tem vergonha de comprar e carregar consigo a camisinha. 
  Sabe-se que existe os grupos de alto risco para DST/HIV, incluem-se os homens homo e bissexuais, usuários de drogas injetáveis,  parceiros sexuais dos que fazem parte destes grupos. 
  O que é comportamento sexual  seguro e de prevenção? Não ter vergonha de proteger-se! Conhecer o parceiro estabelecendo relacionamento de compromisso e diálogo. Conquistar a capacidade de conversar com o parceiro sobre seus comportamentos de riscos e exposição anteriores a doenças sexualmente transmissíveis. Disse  a campanha  nos anos 80 "Quem vê cara não vê AIDS" , uma  verdade ainda super atual porque  corpos bonitos, sarados, joviais e também idosos não significa isenção do HIV.
   Temos contra o exercício da determinação pessoal em fazermos as melhores escolhas a pressão enorme que a mídia impõe no desejo de cada um. Contudo somos senhores das nossas escolhas e carregamos sozinhos as consequências destas. Na pressão da mídia o corpo deixa de ser propriedade pessoal e passa a ser vitrines estéticas e máquina de consumo do mercado, viramos cumpridores da lista enorme " do tem que ser" atraente, pegador, magro, popular, percebido,inteligente, bonito, sensual, sexual, etc. A também lista enorme " do tem que ter" dinheiro, carro, status , cabelo comprido, pele sem rugas, seios assim e assado, bunda tal, cartões de créditos inúmeros, etc
Tudo isto contribui em nos tornarmos  pessoas que não se indagam mais, o sentido tornou-se atender as espectativas intermináveis das listas "do tem que ter e tem que ser". Os desejos pessoais não são mais questionados e só precisamos ficar, viver e curtir. Colecionamos falta de sentido, angústia e frustrações. Na fuga destes sofrimentos e da solidão negamos não a liberdade mas a condição básica dela existir, a responsabilidade. Esta põe reflexão e freio na liberdade. E aí, voltando ao assunto,  o  seu comportamento sexual  é  livre e responsável?  É comprometido e seguro?

   Dra. Rosângela Ribeiro
   Fonte:  www.aids.gov.br
  
  
  
    
  
     
    
    

terça-feira, 22 de julho de 2014

DO AMIGO DE TODAS AS HORAS AO AMIGO DA ONÇA

    Costumamos dizer que amigos a gente conta nos dedos sem preencher uma mão. Quando são muitos os classificamos de colegas e separamos "amigos" para os que estão conosco para além do ôba-ôba da vida.
    Será  que sabemos, de fato, quantos amigos temos? Sabemos também quem são mesmo os nossos amigos? Em parte sim, na totalidade não. Quem já não passou por uma fase difícil e percebeu que aquela pessoa que você não achava tão amiga assim foi significativa naquele momento?! Quem não acreditou que podia contar com tal amigo e na hora H ele não foi amigo?! Quem também numa situação ruim não se deu conta que tem mais amigos do que imaginava? O oposto também é verdadeiro!  Isto ocorre com todo mundo.
    A concepção de amigo ganha diferentes tons com a idade. Para crianças, jovens, na maturidade e  terceira-idade a percepção de amigos é distinta;  faça em você mesmo o teste da sua noção de amigo por estas idades que já passou. O nível social e econômico também promovem variações na concepção de amigo. O que é amigo para um poderoso, famoso, celebridade, bilionário e influente? Dizer que nada disto pesa e amigo é amigo para qualquer um é , no mínimo, simplório e ingênuo.
   Amigos e tipos de amigos são  termômetros de como vivemos , o que escolhemos , desejamos e acreditamos. Biblíco é o dizer "diga-me com quem andas e te direis quem és". Ou mesmo aquele dizer da nossa mãe e  avó, "quem anda com morcego dorme de cabeça pra baixo" e "quem anda com os porcos, farelo come". Tem outros dizeres mais terríveis que nem vale citar, mas deve  se cuidar e rever seus conceitos quem sente-se incluído neles.
  Como pisamos nos caminhos da vida de forma distintas  atraímos vários tipos de amigos. Começamos a vida com amigo de infância e são vários os tipos que ganhamos e perdemos até o amigo das últimas horas.
Eis alguns tipos de amigos:

Amigo de muitos anos                                                 Amigo de copo
Amigo pai                                                                   Amigo de si mesmo
Amigo da antiga                                                          Amigo de aluguel
Amigo de fé                                                                 Amigo da onça
Amigo de todas as horas                                              Amigo de jogo
Amiga mãe                                                                  Amigo dos amigos
Amigo de verdade                                                       Amigo da night
Amigo desde infância                                                   Amigo de balada
Amigo do peito                                                            Amigo da situação
Amigo irmão                                                                Amigo de ocasião
Amigo da família                                                          Amigo de manobras de risco
Amigo pro que der e vier                                             Amigo do bagulho
Amigo de outras vidas                                                 Amigo falso
Amigo de guerra                                                          Amigo do que eu tenho
   Não importa se estamos no século 21 ou 22, existem coisas que não mudam e tentar mudá-las é querer reinventar este velho mundo de Deus:  amigo não rouba pertences de amigo, amigo não fica com marido ou mulher de amigo, amigo não prejudica filho de amigo,  amigo não maltrata pais de amigo, amigo não trai amigo, amigo não fala mal de amigo pelas costas, amigo mesmo não se vendo muito continua amigo, amigo não dá rasteira em amigo, amigo não se aproveita da situação, amigo não nos leva pro buraco , amigo não some na hora difícil, amigo não convida pra coisas erradas e amigo não põe a família do amigo em risco.
   Deus criou o amigo, e o diabo invenjoso, inventou o falso amigo.
    
   Dra. Rosângela Ribeiro

sexta-feira, 18 de julho de 2014

NOSSO AMOR , JESUS E A IGREJA

   Tenho por hábito, quando com tempo, entrar em igrejas católicas para orações breves. Esta semana a igreja escolhida foi a de Santo Antônio quando sair do trabalho. Lá na entrada observei três pessoas, pareciam pais e filho, falavam alto e em tom áspero . Dizia, com veemência,  o provável  pai ao filho jovem  : "assim você não irá merecer o amor !" Entrei em silêncio, sentei próximo ao altar com aquela frase na mente, olhei pra Santo Antonio com o menino Jesus no colo e  linda era a alegria de Jesus  no colo do santo. Logo dava pra perceber que Jesus menino era uma criança tão feliz porque  parecia muito amado ali por Santo Antônio e também seus pais Maria e José. Pensei em todas as crianças e na criança que todos nós fomos .
   Quem de nós, como filha (o), não se sentiu, em algum momento, punido em excesso ou injustamente pelos pais, ou duvidou se os pais o amavam ou até se era filho adotivo pela falta de carinho, proteção e sensibilidade dos pais? Sem dúvida a maioria das pessoas.  Quantos de nós comem, bebem e fumam demais ou drogam-se, gastam o dinheiro que não tem ou buscam obstinadamente o poder e dinheiro para evitar a dor da experiência da falta de amor?
   O que é preciso então para sentir-se amada (o)? Passar os anos de vida culpando os pais? Cobrar deles o amor devido?  Procurar uma religião? Fazer psicoterapia? Colocar esta carência afetiva na conta do casamento e filhos? A melhor reparação para a falta de amor é aprender a amar-se.
  Tenha cuidados para não cair em armadilhas do tipo "o amor não existe", "não confio em ninguém", "gosto da minha solidão", "ninguém vai me suportar", " me canso de todos facilmente", "sou egoísta para me dividir com alguém", "não acredito no casamento", "não quero filhos porque o mundo não presta", "amor é dinheiro no bolso" e tantas outras coisas afins. Tudo isto é apenas medo! Medo de amar e ser amada, medo do abandono e rejeição, medo de ser livre e medo de sofrer emocionalmente.
   Repito, a melhor reparação para a falta de amor é aprender a amar-se e isto não é tarefa fácil,  no entanto é possível  para todos não importando o grau de infelicidade e traumas vividos.
   Erros passados e presentes nos acompanham por hábitos nossos. Adotamos, sem saber como, o bom e o ruim dos nossos pais ou de quem escolhemos amar , adotamos dentro de nós a negatividade destas pessoas , adotamos os medos, a auto-sabotagem, a auto-suficiência, a raiva e irritabilidade, a agressividade, a tendência a guardar mágoa e ser rancorosa, o ciúme, a avareza, a desconfiança, o padrão autoritário, reprimido, irresponsável e inseguro, etc.
Esquecemos e desacreditamos no que temos de positivo e nos identificamos mais com a negatividade ensinadas e herdadas dos outros no nosso ambiente.
  Aprender a amar-se é quebrar e desfazer padrões de comportamento transmitidos de geração em geração dentro do círculo familiar. Procure saber no que você pensa, age e reage emocionalmente igual a seus pais ou quem criou você  ou a quem escolheu amar. Quais padrões de comportamento e sentimentos precisam ser  desprogramados em você? Estes padrões negativos que herdamos e repetimos bloqueiam a capacidade de amar-se  nos deixando vazios de amor, de sentido e de paz.
  Lá, do banco da igreja, olhei para o sorriso limpo do menino Jesus e sentir que ele, independente de Santo Antonio e seus pais,  amava a si próprio sem ter dúvida alguma porque seu amor por si e pelos outros é  incondicional , liberto do medo de sofrer,  de ser incompreendido e de não ser aceito segundo a sua natureza.
  Dra. Rosângela Ribeiro

quarta-feira, 9 de julho de 2014

ALEMANHA 7 X BRASIL 1 , Graças a Deus!

  Deus também é alemão.
  A derrota da seleção brasileira causou em quase todos os brasileiros vergonha. Somos uma nação  de herança judaico-cristã tendo a culpa como um sentimento atávico. No entanto, a vergonha  faz demonstração de sua existência  no nosso cotidiano nacional , na mídia a muito tempo e a gente insiste em desconsiderá-la ou esconder-se. "Sentimento ilhado, morto e amordaçado volta a incomodar". A vegonha ontem veio com toda força! É e sempre será assim para sentimentos que insistimos em recalcar, reprimir ou negar.

  O Brasil  tem pouca vergonha, o futebol é exceção! As igrejas e divãs estão cheios de pesares de culpa mas pouca vergonha. As instituições, sobretudo as politicas , não tem culpa nem vergonha.
  Evidentes desonestidades políticas , flagrantes descasos sociais com o povo brasileiro,  crimes institucionais frutos de anos de corrupção , privilégios descabíveis e notícias diárias escandalosas sem motivar, a quem deve, vergonha  para provocar justiça, punições e reparos. Pelo contrário, nada parece que aconteceu, não é comigo ou tudo não passa de um erro ou intriga da oposição.

 Perdemos feio pra seleção alemã, demos um sinal de saúde moral sentindo vergonha mas isto não basta. Precisamos assumir o compromisso de fazer melhor o dever de casa. Encarar as derrotas não como vítimas mas como agentes de mudanças, aprender com quem faz bem e melhor.
 Se a culpa tem reparação, a vergonha não tem. A vergonha é mais funda, está vinculada ao vexame, a inferioridade, ao rebaixamento pessoal, a exposição pública e a perda da honra! Só tem um remédio pra vergonha, refazer-se melhor!
 O Brasil, o brasileiro precisa refazer-se melhor nas  suas vergonhas pessoais e também coletivas como os  sete gols tomados rotineiramente : educação, políticas públicas, taxações de impostos, transportes coletivos , saúde,   corrupção e descuido na reeleição de quem envergonhou o cargo.  Se perder pra Alemanha, nos levar ao  fortalecimento assumindo o direcionamento   da vergonha, que sentimos, para além do futebol fazendo melhor o dever de casa social e político, ganhamos esta Copa 2014 para os brasileiros e ganharemos para o mundo, no futebol ( com muitos treinos técnicos , mais atletas e menos celebridades de chuteiras), a próxima Copa na Rússia em 2018!

 Dra. Rosângela Ribeiro