sábado, 27 de setembro de 2014

CADÊ MEU TARJA PRETA?!

   Definitivamente não temos uma sociedade que saiba promover o bem-estar emocional e mental, haja visto as salas cheias nos consultórios psiquiátricos. O Brasil é um dos campeões no uso de calmantes, os tarjas-pretas. São vendidas umas 18 milhões de caixas por ano. É simplório afirmar que tanto uso se deve aos médicos que decidem prescrever aos "passivos" pacientes,  a coisa é  mais complicada.
   Muitos pacientes chegam pra inicio de tratamento, até mesmo grávidas, já tomando calmantes. "Prescritos" ou tomados emprestados com a mãe, cunhada, vizinha,etc. Na maioria mulheres e são as que mais usam. Infelizmente medicação também entra na moda, anos atrás era o diazepam, hoje é o rivotril.
  Pertencemos a uma sociedade de consumo e calma, paz e felicidade também tornaram-se objetos de consumo via cartão de crédito com compras intermináveis ou ingestão de calmantes nos desconfortos diários reais ou imaginários, naturais ou catastróficos.
  Embora os noticiários dão exemplos da nossa barbárie social diária, esta mesma sociedade exige tiranamente um equilíbrio pessoal ;  não estar feliz e calmo em todas as situações é uma falha, um fracasso pessoal. Na sociedade de mercado a consulta médica é  como um bem de consumo e a competência do seu prestador de serviço, o médico, é avaliada na receita que você adquire. O consumidor de calmantes já chega convecido que precisa de uma receita azul, não importa a qualidade e natureza do seu sofrer. Tenho que dormir mesmo devendo a Deus e o mundo, não tenho que chorar e ficar ansioso se vou enterrar meu pai, não posso sentir inquietude se estou desempregado não podendo honrar com meus compromissos. Discutir com o conjuge? O filho dar trabalho e preocupações?  Aguentar as idiossincrasias do chefe?, O trânsito? O baixo salário? Cadê meu tarja preta?! É quase um amuleto. Tem que ter na bolsa e tomá-lo dar mais sensação de segurança e proteção do que acreditar em Deus.
  Risco de desenvolver tolerância e dependência com o uso prolongado? Muitas já chegam ao consultório com outro tipo de dependência. A dependência em objetos mágicos promotores de bem-estar emocional e moral, sejam eles doces, carboidratos,sapatos, roupas, perfumes, bolsas, cabelereiros e calmantes. Aliviam a ansiedade , preenchem o vazio, a carência, a desvalorização, amortecem e amenizam o medo, o sentimento de injustiça social e pessoal. Querem mais o objeto mágico, o alívio do que questionar riscos de dependência.
  E o médico nisto tudo, onde fica? Na conversa, no bom diálogo com sua paciente, na precisão do diagnóstico, no eficaz acolhimento e manejo terapêutico para fazer esta mulher pensar sem alienação nos seus sintomas e ver o que está acontecendo na sua vida com ou sem sua permissão, articulados aos problemas econômicos, sociais e familiares. Apesar do sofrimento psíquico e fisico reais o médico poder acolher sofrimentos familiares e sociais como tais e não legitímá-los como organicidade ofuscando a subjetivade  e alienando mais a mulher em seu poder de participar  como dona de sua própia história e responsável pela própria capacitação na transformação da sua realidade.
 Fumar um cigarro, tomar um gole, comer sem fome, comprar sem necessidade e tomar um tarja-preta sem devido acompanhamento médico não são soluções para inúmeras situações, pelo contrário, pode até levar ao agravamento dos problemas. Queremos soluções mágicas, imediatas e isentas da nossa participação ativa ou tratamento com inclusão da responsabilidade pessoal na conquista do próprio bem-estar?
 Dra. Rosângela Ribeiro

CORUJANDO JORNAIS PARA APRENDER: NOTICIAS DO PASSADO E PRESENTE 2

"Inauguração de megaestrutura da Igreja Universal em SP ( no bairro do Brás), O Globo em 25/7/2104 matéria do jornalista Sérgio Roxo. "Quarta maior denominação evangélica do país, a Universal tem 1milhão e 900 mil seguidores, segundo o IBGE de 2010. Haverá inauguração do Templo de Salomão, erguido em 04 anos, com custo divulgado de R$ 680 milhões, o templo de 100 mil metros quadrados ( o novo Maracanã tem 124 mil metros quadrados) e capacidade para receber 10 mil pessoas. A obra foi bancada exclusivamente com doações de fiéis e integrantes da própria igreja, sem necessidade de recorrer a financiamentos bancários.O bispo Edir Macedo quis erguer uma réplica do templo que, segundo a Bíblia, foi construído em Jerusalém, no século XI antes de Cristo.O objetivo do líder da Igreja, com a obra, é trazer um "pedaço da Terra Santa para o Brasil". Por isso, foram importadas pedras de Israel para revestir o templo. Do lado de fora, há oliveiras trazidas do Uruguai."
Moral da Coruja:  A fé não só move montanhas como move Jerusalém do século XI antes de Cristo para o Brasil do século XXI depois de Cristo.

"Inauguração de megaestrutura da Universal, O Globo em 01/8/2014, jornalista Renato Onofre e Silva Amorim: " Com a presença da presidente Dilma, do vice Michel Temer, do governador de São Paulo, Geraldo Alkmin, e o prefeito da capital paulista, Fernando Haddad, os dois últimos parceiros num programa de combate ao uso de drogas na Cracolândia, a Igreja Universal inaugurou o Templo de Salomão. O combate ao uso drogas foi escolhido como tema para o culto inaugural do templo.Também foram feitas citações à "falta de saúde e segurança" no país. Disse Edir Macedo: - O povo está cansado da falta de saúde, da falta de segurança. Meu Pai, só em ti o povo consegue conforto."
Moral da Coruja:  Se o Estado é fraco no exercício do seu contrato social mais forte e necessário o poder das religões nas promessas do que o Estado não consegue atender e cumprir.

"O Templo de Salomão é um monumento à fé", O Globo em 03/8/2014, jornalista Elio Gaspari: " O Templo de Salomão é capaz de receber dez mil pessoas, o dobro da lotação da Basílica de Aparecida. Custou zero ao governo e foi erguido com dinheiro da fé do povo. O Templo haverá de se tornar um símbolo da cidade e da fé dos brasileiros. A fé dos evangélicos costuma ser depreciada, como se fosse produto da ingenuidade do andar de baixo. É pura demofobia.  As denominações evangélicas expandiram-se associando fé religiosa
 e autoestima a um sentido de comunidade."
Moral da Coruja: Em quatro anos, tempo da construção do Templo, quantas praças públicas para nossos filhos brincarem podemos concertar e ajudar manter? Quantas árvores no nosso bairro podemos plantar e adotar? Quantas escolas podemos melhorar e tomar conta das melhorias para nossos filhos aprenderem melhor? Quantos livros e computadores podemos ajudar a ter e manter nas escolas e bibliotecas de bairro? Ah, este é o  papel do Pai-Governo! O povo ainda não sabe  usar a força que tem nos assuntos da terra.

"Estudos mostram que a cada ano adicional de educação para as mulheres, a mortalidade infantil diminui em 9,5%. Equalizar (diminuir a distorção em relação aos homens) o acesso aos recursos e serviços para mulheres agricultoras seria aumentar a produção e eliminar a fome de 150 milhões de pessoas" . Phumzile Mlambo-Ngcuka, diretora executiva da ONU Mulheres.
Moral da Coruja: Meninas e mulheres um mundo melhor para nossos filhos está muito nas nossas mãos.

" São as regiões mais pobres que apresentam os números mais expressivos de jovens na situação Nem Nem,  nem estuda e nem trabalha. Duque de Caxias, Nova Iguaçu e São Gonçalo possuem mais de 100 mil jovens apelidados de nem nem,  por estarem fora da escola ou de práticas econômicas." Marcus Faustini, jornalista do Globo em 29/7/ 2014.
Moral da Coruja: Pais tomem conta dos seus filhos, não esperem pelo poder público. Crianças e adolescentes devem estudar até ter uma qualificação, não precisa cursar até a faculdade mas tem que ter profissão e no mínimo ensino médio. Não deixem seus filhos optarem por menos.

CORUJANDO JORNAIS PARA APRENDER: NOTICIAS DO PASSADO E PRESENTE 1


  Deu no jornal O Globo no dia 22/9/2014,na sessão Economia,matéria de Cássia Almeida e Letícia Lins:
"Quase 8% , 1 milhão e 300 mil, dos homens de 50 a 69 anos não têm emprego nem rendimentos. Nem trabalho nem aposentadoria.São chamados os "nem nem maduros": são pessoas que não trabalham,nem procuram emprego,nem estão aposentados. É como os "nem nem jovens", a geração que não estuda, nem procura emprego, nem trabalha".
Moral da Coruja: Jovens precisam estudar e ter qualificação. Educação formal é o único passaporte para deixar de ser " nem nem"  quando mais velho e ser sustentado pela mulher ou pais idosos.

 "Jabuticaba no Senado", artigo da escritora Ana Maria Machado no jornal O Globo de 22/9/2014:
"O Senado vem debatendo a sério uma reforma ortográfica brasileira.Se for aprovada vira lei. Se fez a pouco tempo um acordo ortográfico entre países de língua portuguesa.Não uma reforma.  O objetivo foi que se escreva da mesma maneira o português falado em qualquer parte do mundo. A grafia única nos permitirá ler livros uns dos outros com menos estranheza. O que está no Senado é uma proposta diferente, uma reforma ortográfica, para que se passe a escrever como se fala, "para simplificar a ortografia", de modo a facilitar a alfabetização.Sem letras que não se pronunciam e sem duplicidade de grafia para o mesmo som. A justificaticativa populista é ajudar as crianças, ensinando-as a escrever, por exemplo, "O omen xora porqe qer caza para abitar" (sic).
Os linguistas, filólogos e acadêmicos não aprovam esta reforma. O remédio é qualidade na educação."
Moral da Coruja: Pais e irmãos mais velhos vamos ler mais para termos força ao incentivar as crianças lerem, crianças aprendem mais com o nosso exemplo do que com o que falamos. Vamos criar em casa o momento da leitura em família.  Quem ler mais escreve, conversa e entende melhor.

"A polícia do Brasil sob controle", artigo do delegado federal Jorge Barbosa Pontes, no Globo de 22/9/2014:" A presidente Dilma diz que são os órgãos de seu governo que estão investigando escândalos de corrupção da Petrobrás. Tal assertiva desconsidera que a Polícia Federal é uma instituição permanente do Estado brasileiro, transcedendo a este ou aquele governo. Jorge Barbosa nos ensina também que qualquer academia de polícia, de qualquer país do planeta, ensina-se que as ações policiais têm o seu sucesso garantido na medida em que seu sigilo é preservado".
Moral da Coruja: Segurança pública, educação e também saúde devem ser desvinculadas de ações políticas de governos que entram e saem. Segurança pública, educação e saúde devem ser programas de Estado e não de governo.

"A ignorância da presidente", artigo do jornalista Ricardo Noblat no Globo de 20/9/2014: " Guardem esta frase de Dilma dita, hoje em Brasília durante encontro com um grupo de jornalistas: - Não é função da imprensa fazer investigação e sim divulgar informações.
 Dilma estava irritada com os jornalistas quanto as perguntas sobre a corrupção na Petrobras.
Quanta ignorância! Jornalismo é investigação.Você não conta como ocorreu um acidente de carro, por exemplo, sem ouvir eventuais vítimas, testemunhas e a polícia, no mínimo.Se é assim com um mero acidente, quanto mais com um escândalo de grande porte.
Um dos papéis da imprensa é vigiar os poderosos e denunciar seus desmandos. Ela existe - ou deveria existir - para satisfazer os aflitos e afligir os satisfeitos.
O sonho de Dilma, e não somente dela, seria ver a imprensa limitada a publicar declarações e anúncios oficiais. Teve com quem aprender.Em 2003, Lula, o mentor de Dilma, fez um desabafo que se tornou famoso. Disse: - Eu não gostaria de ver notícia publicada. Gostaria de ver propaganda publicada.
Em outras palavras: Lula não gosta de jornalismo independente. Prefere jornalismo servil."
Moral da Coruja:  Democracia de verdade se faz com transparência, liberdade de expressão e imprensa livre.

"Preto no branco", o Globo de 20/9/2014: " A Secretaria de Estado de Saúde informa que o Centro de Diagnóstico por Imagem ( o Rio Imagem na Av. Presidente Vargas) faz 25 mil exames por mês. O CDPI do Leblon , Clínica de Diagnóstico e Imagem do Leblon, faz 7 mil exames por mês."
Moral da Coruja:  Quem diz e a quem interessa acreditar que o SUS não pode funcionar bem?